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Perfis Decadentes (Poema)






Através dos vitrais ia a luz a espreguiçar-se em listas faiscantes, sob as sedas orientais de cores luxuriantes!

Sons ritmados dolentes, num sensualismo intenso, vibram misticismos decadentes por entre nuvens de incenso. Longos, esguios, estáticos, entre as ondas vermelhas do cetim, dois corpos esculpidos em marfim soergueram-se nostálgicos, sonâmbulos e enigmáticos… Os seus perfis esfíngicos, e cálidos estremeceram na ânsia duma beleza pressentida, dolorosamente pálidos! Fitaram-se as bocas sensuais!

Os corpos subtilizados,

femininos,

entre mil cintilações

irreais,

enlaçaram-se

nos braços longos e finos!

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E morderam-se as bocas abrasadas,

em contorções de fúria, ensanguentadas!

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Foi um beijo doloroso,

a estrebuchar agonias,

nevrótico ansioso,

em estranhas epilepsias!

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Sedas esgarçadas,

dispersão de sons,

arco-íris de rendas

irisando tons...

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E ficou no ar

a vibrar

a estertorar,

incandescido,

um grito dolorido.



Novembro - Hora das Visões

1992




Judith Teixeira

In Decadência


Incluído na coletânea "Poesia e Prosa" ,

que pode ser adquirida AQUI.




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